terça-feira, 28 de abril de 2009

Consulte sempre um dicionário.

Novamente, acatando as ordens do Capitão Mor, e como ele mesmo diz em seu termo de abertura, “Não dá mais prá escrever em português sem voltar prá escola”.
Repasso aqui, o que ele mesmo me enviou. O que muda na nova ortografia da Língua Portuguesa.
http://novaortografia.com/o-que-muda-no-brasil/
E para tanto, vou deixar aqui bem do meu lado, um dicionário.

domingo, 26 de abril de 2009

Amleto


Acatando as ordens do Capitão Mor, bloguemos.

Antes então, gostaria de indicar (a meus possíveis leitores) outra leitura muito prazerosa das aventuras do Capitão Mor (meu estimado amigo jornalista Elcio Tenório) pelas cidades de Caracas, Cartagena, Medellín e Bogotá na nossa América e também outra igualmente interessante em Tókio, do outro lado do globo.

Tudo isto em WWW.capitaomor.wordpress.com.

Muito bem, entre tantas poucas coisas que andam acontecendo ultimamente em meu caminho, sigo. E confundo-me, propositadamente poético, misturando sensações de experiências vívidas vividas, com ilusões, sonhos e pensamentos em gravidade zero (aquele momento em que ficamos um tempo sem respirar). Tudo isto para lançar em minhas fotografias um tanto de sensações. Ao qual, com o teatro e seus espetáculos de luzes, cenários, figurinos e um semfim de expressões, suores e olhares a cada rosto, pintado ou mascarado, me emprestando tantas emoções, me deleito com os resultados que tenho conseguido.

Destaco aqui “AMLETO- Nella Carne il Silenzio”, versão da Compagnia Laboratorio di Pontedera (Itália) para "Hamlet", de William Shakespeare (1564-1616).

Emprestado da programação do Sesc, segue:

Direção de Roberto Bacci, Assistência de Savino Paparella. Com Tazio Torrini, Andrea Fiorentini, Serena Gatti, Debora Mattiello, Luigi Petrolini, Francesco Puleo e Alessandro Porcu. Dramaturgia de Stefano Geraci. Cenografia e figurinos de Marcio Medina.

Não me esqueço quando em meados de junho de 2008 o celular tocou e na tela eu via “chamada particular”; já imaginava ser do Sesc. Era a Sandra, minha chefa, me passando a pauta: Teatro do Sesc Santana, quinta feira dia 26/06 – 21h00. Espetáculo: “Amleto – na carne o silêncio”. Em silêncio sorri.

Já na noite do espetáculo, assim que cheguei me juntei ao Walmir, amigo de adolescência que trabalha no Santana. Sempre que vou lá o procuro para colocarmos a conversa em dia. E foi então que soube um pouco da Compagnia Laboratorio di Pontedera. Pontedera é uma pequena cidade da província de Pisa nas proximidades de Florence, Itália. Eles vieram para o FILO, festival internacional de Londrina e na sequência, por intermédio do Caca Carvalho, que por sinal é um dos diretores da Compagnia junto com o diretor do espetáculo Roberto Bacci, fecharam quatro dias aqui em São Paulo.

Primeiro sinal: a conversa estava boa, então continuamos.

Segundo sinal: já estava atrasado, claro! Perguntei o que já sabia. Haviam reservado para mim e para minha “mala” duas poltronas na fileira “A”. Sim, ela é uma mala! E com uma só alça, que me obriga com tanto esforço carregá-la.

Terceiro sinal: câmera em punho, 80-200mm na baioneta, ISO 1600, nºF 2.8, velocidade1/80s, WB: Tungstênio.

Na coluna uma gota fria escorria, no rosto uma salgada.

Senhoras e senhores, bom espetáculo!

Redução de ruídos em ISO elevado.

Vejam, vou me deter em algumas linhas para falar de questões técnicas, pois há de despertar algum interesse.

Primeira pedra no caminho: os decibéis gerados pelo clik das câmeras reflex. A batida do espelho e a cara feia da senhora ao meu lado. - Sim, eu entendo, me desculpe, mas... E aquele momento (único), naquela expressão daquele rosto pintado, projetado em minha direção com o contraluz lapidando a imagem da forma mais precisa? Devo me conter? E perceber ao final que entre tantas não contenho “a foto”? Não! Prefiro me arriscar com as caras feias, com os monitores sempre tão gentis, ou mesmo ainda com os seguranças. Não! Decididamente não vou voltar para casa sem “a foto”.

Está bem, é verdade; com a experiência que só o tempo me deu já não corro tantos riscos. Aproveito melhor os momentos da trilha sonora para me esconder daquela senhora. Mudo de lugar, preciso de outros ângulos. Mas essa é a outra pedra do trajeto. Mudar de lugar consiste em varias senhoras de cara feia. Este assunto merece um capítulo à parte que pretendo citar no decorrer do tempo. Tema: sessão de fotos em ensaio corrido, já com figurinos e cenário prontos e aprovados.

Outra questão: a luz. A luz é divina (já ouvi isto antes e com som reverberado). Os profissionais e a tecnologia têm trazido para as platéias uma boa dose de emoções com luzes de tantas cores e intensidades e também com quase a ausência delas. Aí é que mora o problema.

A abertura é F2.8, a velocidade não passa dos 1/60s, o ISO já explode em 1.600 e ainda assim ta escuro!! Quando que estas maravilhosas câmeras digitais vão melhorar ainda mais na redução de “ruídos” (granulação em películas) em ISO elevado?

Salve o Photoshop CS3! Salve! Todos em pé. Vamos ler o Salmo CS3, capítulo: Ferramentas, versículo: redução de ruídos. E por aí vai...

Mas antes de retomar o assunto principal e já que citei o Photoshop, quero lembrar que a foto nunca termina no clik. Mesmo quando com filmes, no laboratório, pedíamos um teste de ponta ou a mudança na temperatura do banho para revitalizar os contrastes. Alguns devem lembrar-se daquelas “pazinhas” de formatos diversos que usávamos no laboratório P&B junto à exposição de luz sobre o papel para evitar zonas escuras ou claras demais. Isto tudo e muito mais da época já eram exercícios para a formulação de ferramentas no PS. Salve!

Voltando para casa.

Assim que cheguei, por volta da 00h30, fui direto ligar o micro e só depois fui abraçar e beijar minha tão querida e amada família (Lu, Lola, Preta, Bilisco, Zerinho, Zenaide e Telespinho). Este último ainda não existia. Minhas filhas Nara e Flávia não estavam em casa nesta noite.

Descarreguei perto de 200 arquivos .NEF de 18,8MB cada, gerando uma pasta bastante pesada.

Abro 100 arquivos por vez no Câmera Raw e me afundo pela madrugada. Que delícia, que resultado. As fotos estavam ótimas.

Trabalho, trabalho, trabalho.

Temperatura; Exposição; Luz de fundo; Pretos; Brilho; Contraste; Vibração e Saturação; Curvas de tons; Matiz.

Agora abro estes arquivos no PS.

Ferramenta correção (J); Ferramenta de corte demarcado (C); Noise Reduction; Unsharp Mask; Save as...

Trabalho, trabalho, trabalho.

As 3h50 desligo. Zzzzzz...

Zzzzzz.... às 11h00 ligo.

Slide Show em full screen na tela wide de 22’’. Show de fotos.

Já no outro dia, sábado, entre tantas outras poucas coisas que precisei fazer, me encontrei com o Waltinho ao entardecer, meu amigo de fé, meu irmão camarada juntamente com a Ana e o Ivan, minha irmã de sangue e fé e meu amigo de fé e faca amolada, que de cara me convidaram para um jantar no Japonês com toda a Compagnia. Roberto Bacci e elenco, acompanhados ainda do Caca Carvalho e do Marcinho Medina.

Espetacular foi a idéia do Ivan de levar o Note Book e mostrar em primeira mão a todos o resultado de meu trabalho. Fui ovacionado, aplaudido e condecorado. Não precisava tanto.

Não entendo quase nada de italiano, porém, Belíssimo!! Bravo!! Bravíssimo!! eu ouvi de monte.

Foi quando Roberto me pediu que voltasse ao espetáculo no domingo, último dia, para fotografar os bastidores, algo que não havia sido feito na sexta-feira. Silenciosamente sorri.

Vamos agora esclarecer algo. Todo ser humano necessita de reconhecimentos. Os piscianos um pouco mais. Piscianos com ascendente em Aquários precisam de uma atenção especial e eu preciso ser internado. Sim, já me vejo deitado em um leito de hospital, rodeado de umas seis ou sete enfermeiras, todas com minhas fotos nas mãos implorando meu autógrafo. Não, não precisava tanto. Mas daí, até não me levarem para a Itália na inauguração do Teatro Municipal de Pontedera (não tenho certeza se é municipal), cuja estréia seria com “Amleto” e minhas fotos expostas no saguão de entrada?

Outra gota salgada.

Domingo, 29 de junho de 2008 – Última apresentação de Serena.

Entrando no teatro lá pelas cinco da tarde junto com Waltinho, a primeira pessoa que encontramos foi o Caca, deslumbrado, mas preocupadíssimo com a noite que chegara. Quanto aos outros, que nada! Estavam quase todos no palco, relaxando, se alongando, treinando passos e golpes de esgrima.

Quero dizer o que é estar dentro de um teatro, no palco, às cinco da tarde. O silêncio é quase, o som é puro, o cheiro é único, a emoção é toda.

Olá Débora, olá Luigi, Francesco, Marcinho... Olá Serena... Vou grudar em vocês até o terceiro sinal, portanto, me esqueçam.

Registros à luz de serviço. Meia boca, meio frio.

Mais um teste de luz. Fresnéis a mil, alguns a quinhentos. Ótimo, agora sim aproveito.

Já nos camarins, entre espelhos e araras, corpos seminus e fantasias, sapatos e sombrinhas, continuo a trabalhar. Muita destas fotos guardo comigo. Momentos, gestos, olhares... Débora escovando os dentes, Marcinho, pela ausência de um maquiador tomou a frente e com um pincel tornara Serena ainda mais atraente. Caracas!! Que tesão é o teatro! Que sensação é essa??

Primeiro Sinal: corro de um lado a outro, tenho muitas fotos que já pensei e preciso fazê-las.



Tazio está no espelho do camarim, Francesco e Luigi refletidos no do banheiro.


Waltinho me puxando, dizendo que la fora está lotado e já abriram as portas. Preciso fazer um pouco do público.

Segundo sinal: continuo nos camarins, Andrea já esta vestida, Débora também. Todos se apressam. Preciso sair, mas não quero. Acho até que muitos atores na história disseram isto: não quero sair, quero ficar aqui no camarim! Mas nestes casos o motivo era outro e muito mais sério.

Merda! Merda para todos, eu disse.

Merda! Merda! Todos disseram.

O Wal estava certo, la fora está bombando! Faço o que preciso fazer e entro. Sento-me no chão do corredor esquerdo, quase no canto extremo do teatro, longe do palco ao lado do Wal que se sentou na primeira cadeira numa das últimas fileiras.

Mesmo desta distância posso conseguir bons resultados com a 200 mm.

Farei fotos das mesmas cenas de distâncias e ângulos diferentes.

Terceiro sinal: desta vez posso ler a legenda eletrônica que traduz do italiano para o português esta magnífica história de William Shakespeare.

Senhoras e senhores, bom espetáculo.